Francisco Gaudêncio Torquato do Rego nasceu em 1945, na pequena Luís Gomes, Rio Grande do Norte, quase na divisa com a Paraíba. Vem de família numerosa (seu pai, em dois casamentos, gerou 21 filhos), que sempre teve forte envolvimento com a atividade político-partidária.
Começou a exercer a atividade de repórter em 1962, quando contava com 17 anos, como colaborador de jornais e revistas no Recife, ao mesmo tempo em que iniciava os estudos de nível superior em "Comunicação Social", na Universidade Católica da cidade. Torquato do Rego exerceu o jornalismo em várias das principais publicações do nordeste brasileiro e também no restante do País.
Torquato do Rego trabalhou como repórter dos tradicionais "Jornal do Commercio", "Folha de S.Paulo" e "Correio da Manhã", todos ao mesmo tempo. Nesse período, Torquato ganhou o "Prêmio Esso de Jornalismo" e também destacou pela produção de uma série de reportagens especiais sobre o Nordeste, para o jornal "Folha de S.Paulo".
Essa intensa atividade profissional e a notoriedade conquistada com seus artigos foram a ponta de lança para a sua mudança para a cidade de São Paulo. Lá teve início uma nova fase de sua carreira, num momento em que o cenário político do Brasil se torna crescentemente sufocante.
A experiência no planejamento, redação e produção de grandes reportagens leva Torquato do Rego a dar aulas na Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, ministrando cursos sobre "Jornalismo Interpretativo e Comparado". Em 1968, ingressa como professor assistente da ECA, a convite do professor José Marques de Melo, então diretor da escola. Logo depois assume cursos regulares do Departamento de Jornalismo: as disciplinas "Jornalismo Informativo e Interpretativo" e "Introdução ao Jornalismo".
Nessa época as pesquisas sobre jornalismo começam a dar seus primeiros passos e Torquato do Rego se engaja nesse movimento de estudos da atividade. Ele defende sua tese de doutorado em 1972 e o seu tema é "Jornalismo Interpretativo", tendo como orientador o professor Rolando Morel Pinto, livre-docente da "Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas" da USP.
Em 1970, Torquato do Rego deixa o jornal Folha de S.Paulo, e então, funda com outros profissionais do jornalismo uma assessoria para produção de jornais e revistas empresariais. É o momento em que a sua opção pela área empresarial começa a firmar-se. A empresa lança dos "Cadernos Proal", especializados em debates sobre jornalismo empresarial e comunicação em geral.
Torquato do Rego se empenha também em levar a nova especialização para a universidade e enfrenta a resistência de acadêmicos que não aceitam a incorporação dessa disciplina, por não considerarem genuinamente jornalístico a produção de jornais e revistas empresariais. Ele continuou ministrando disciplinas de "Jornalismo Interpretativo" e a levar para as salas de aulas o debate sobre a grande reportagem, mas a sua grande contribuição para a ECA - Escola de Comunicações e Artes da USP foi a defesa do ensino no meio acadêmico do jornalismo empresarial e de comunicação empresarial.
O que na época era tabu hoje é encarado pelas novas gerações como uma das alternativas de atuação profissional. Afinal, a expansão do mercado de trabalho nos anos 90 foi mais forte no segmento de revistas especializadas e na comunicação empresarial. Foi um período de profissionalização dos departamentos de comunicação das organizações e fundação de dezenas de assessoria de imprensa.
O interesse pelo jornalismo empresarial leva Torquato do Rego a organizar os departamentos de comunicação de grandes empresas e, depois, a enveredar pelo segmento institucional, com o convite para trabalhar no Governo José Sarney e participar da criação do Conselho de Comunicação, órgão destino a discutir as políticas para o setor no País. Em meados dos anos 80, ele se volta para outro campo ainda embrionário no Brasil: o marketing político.
Francisco Gaudêncio Torquato do Rego optou inicialmente pelo jornalismo interpretativo, as grandes reportagens - área de sua contribuição nos primeiros anos da ECA -, passando para a comunicação empresarial/institucional - domínio em que ele se torna um pioneiro na escola e uma importante referência para os estudiosos desse ramo da comunicação.
Crédito: Osmar Mendes Júnior